quinta-feira, 31 de março de 2011

Paralisação de grandes obras do PAC

A paralisação de grandes obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) fez com que o governo convocasse, para uma mesma mesa de negociação no Planalto, sindicalistas e empresários. Em uma reunião que durou mais de três horas, todos reconheceram que é preciso melhorar a situação para evitar rebeliões semelhantes às realizadas nos canteiros de obras das usinas hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio, que somam cerca de R$ 11 bilhões em investimentos. Cerca de 80 mil trabalhadores ainda estão de braços cruzados em todo o país em função de relações conflitantes nos locais de trabalho. Por isso, a partir de agora, as obras consideradas importantes terão uma comissão tripartite permanente formada por membros do governo, sindicalistas e empresários. A ideia é que o grupo acompanhe a construção dos empreendimentos e evite futuros conflitos.

O ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência), interlocutor do Planalto com setores da sociedade civil, avaliou que uma das principais causas dos problemas nos canteiros das hidrelétricas foi o fato de as construtoras terem antecipado a conclusão dos empreendimentos, manobra para obter lucro com a venda de energia. Assim, foi recrutado um número maior de trabalhadores. Ele ressaltou, porém, que o governo tem parcela de responsabilidade ao não oferecer condições para que os municípios recebam obras de grande porte.

Amanhã, haverá uma reunião de trabalho para manter uma mesa permanente entre as três partes. "Para que não ocorra como em Santo Antônio, onde ninguém sabia a quem recorrer, já que os sindicatos não tinham boa representação na base", disse Gilberto Carvalho. Empresas que oferecerem boas condições aos trabalhadores poderão ganhar do governo selos de reconhecimento público. Caberá à Central Única dos Trabalhadores (CUT) negociar com os representantes da Odebrecht e Camargo Corrêa, responsáveis por Jirau e Santo Antônio, o impasse que paralisou o canteiro de obras.

Perde e ganha
O objetivo do governo é conseguir na construção civil acordo semelhante ao feito pelo governo Lula em 2009 com o setor canavieiro. "Embora ainda esteja em fase de implementação, aquele acordo já fez com que houvesse melhoria nas relações de trabalho", disse Carvalho.

O ministro classificou o momento como uma relação "perde perde". "Perdem os trabalhadores, a empresa, o povo brasileiro e o governo. Temos que sair disso e ir para uma relação ganha ganha. Temos de fazer um acordo decente, acima do que a lei exige, para dar mais condições aos trabalhadores. Com isso, a produtividade vai aumentar e haverá paz nos canteiros de obras", afirmou.

Com o lançamento da segunda fase do PAC, que prevê quase R$ 1 trilhão até 2014, a quantidade de canteiros de obras vai aumentar consideravelmente. Na primeira fase do programa, 14 mil obras estavam listadas. Os sindicalistas lembram que os grandes projetos da Copa do Mundo e das Olimpíadas não podem sofrer paralisações, até por conta do cronograma oficial. Apesar da contenda, Carvalho classificou o problema como "bom". "O ruim era se estivéssemos sentados à mesa para discutir desemprego", disse.

fonte:Correio Braziliense

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