segunda-feira, 9 de maio de 2011

Sem trabalhador, obras atrasam



A falta de mão de obra qualificada para o trabalho na construção civil já provoca atrasos na entrega das obras imobiliárias executadas na Cidade, mercado que está em franco crescimento. O "apagão" também é evidenciado pela alta dos salários dos profissionais da área, segundo destacam entidades representativas do setor e as principais construtoras que atuam em solo mogiano.
De acordo com os dados oficiais do Ministério do Trabalho, em torno de 7 mil pessoas são empregadas hoje formalmente no Município na construção civil. Presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário de Mogi das Cruzes e Região (Sintramog), Josemar Bernardes André, estima que o mesmo montante de trabalhadores atua de forma informal, o que contabiliza cerca de 14 mil pessoas no segmento. Embora pareça alto, esse número não é suficiente para a demanda existente hoje em Mogi. "Por conta do aquecimento do setor, não há funcionário à disposição no mercado para as construtoras e também não temos fonte de treinamento de mão de obra", salienta André.
A Helbor Empreendimentos S.A., maior incorporadora imobiliária local, e suas construtoras contratadas possuem quatro obras em andamento em Mogi, no bairro da Vila Oliveira (8 torres residenciais, com 350 apartamentos e cerca de 50 mil m² de terreno, com extensa área de lazer) e em César de Souza (194 sobrados e mais de 48 mil m² de terreno, que estão na fase final de construção; e 8 torres residenciais, com 480 apartamentos e cerca de 25 mil m² de terreno, que estão em fase de fundação ou estrutura). Atualmente, 714 operários de diferentes especialidades trabalham nesses empreendimentos. O ideal, no entanto, segundo levantamento das construtoras, seria que houvesse, pelo menos, 850 trabalhadores.
Por conta desse problema e também do alto volume de chuvas na Cidade, o prazo de entrega dos residenciais da Vila Oliveira teve de ser estendido em 150 dias pela Gattaz Engenharia, contratada pela Helbor para realização do trabalho. A conclusão estava prevista inicialmente para dezembro de 2010, mas além da carência prevista em contrato, de 120 dias, será preciso mais cinco meses de obra. Os clientes foram comunicados desta situação em reuniões promovidas pela empresa na semana passada. Diante desse cenário, a Helbor, entre outras medidas, se comprometeu a suspender o pagamento das parcelas dos contratos de seus clientes e congelar a correção sobre o saldo devedor.
Segundo Milton Gattaz, diretor da Gattaz Engenharia, há grande dificuldade em selecionar trabalhadores para as obras em quase todas as funções da construção civil: pedreiro, carpinteiro, azulejista, encanador, eletricista, marceneiro, serralheiro, pintor, e especialmente ajudante (para limpeza e apoio aos demais profissionais). "Não conseguimos o pessoal necessário para trabalhar nas obras, pois além da rotatividade e da falta de gente disponível no mercado, é preciso levar em conta a qualificação dos profissionais", revela.
Gattaz afirma ainda que a escassez de mão de obra não tem provocado apenas atrasos nos cronogramas, mas também um aumento substancial de custos: "Hoje a construtora precisa pagar mais para ter bons profissionais. Isto é extensivo às demais funções da produção, como mestres de obra, encarregados e engenheiros".
Em César de Souza, estão atuando 164 operários na construção de casas e apartamentos, com capacidade de absorver mais 20% de mão de obra; e nos residenciais da Vila Oliveira, atuam hoje cerca de 550 trabalhadores, número que poderia chegar a 800. Em César de Souza, as obras estão dentro do prazo contratual previsto, sendo que a primeira fase das obras deve ser entregue em junho.
Diretor da J. Bianchi, o engenheiro civil Fabio Bianchi, salienta que tem enfrentado dificuldade para contratar trabalhadores na área, principalmente, carpinteiros, gesseiros, pedreiros especializados em acabamento e projetistas. O problema também já atrasa a conclusão de investimentos na Cidade. "Estamos reestudando os prazos de algumas obras em decorrência disso", admite. A empresa pretende iniciar neste ano a construção de cinco novos empreendimentos, em um total de 370 unidades (208 apartamentos em empreendimentos no Alto do Ipiranga, no São João e no Socorro e 162 casas em dois loteamentos na Vila da Prata e um de alto padrão na Vila Oliveira).
Em média, cada uma das obras emprega diretamente 200 pessoas e, indiretamente, 400.
No momento, a construtora está contratando engenheiros, mestres e estagiários. "Nas obras, precisamos de pedreiros, carpinteiros, pintores e gesseiros, mas, neste caso, optamos por contratar mão de obra terceirizada", explica Bianchi.
A MRV, que tem atualmente cinco obras em andamento no Município (não foram detalhados os locais), também aponta "uma pressão maior por mão de obra" na Cidade, embora avalie que não há falta de profissionais. Entre 350 e 400 pessoas atuam hoje para a construtora em Mogi. "Esta pressão resulta em salários mais altos e necessidades de treinamentos e qualificações", informa a empresa, por meio de sua Assessoria de Imprensa.
A construtora oferece atualmente 45 vagas de emprego na Cidade, sendo 15 para pedreiro de acabamento (especializado no assentamento de pisos e azulejos), 20 para pintores internos e 10 para pintores externos (de fachadas).

Fonte:KARINA MATIAS

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