quarta-feira, 30 de março de 2011

Entulho da construção civil invade a capital e destrói o meio ambiente

Depósitos clandestinos de entulho da construção civil ameaçam o meio ambiente e a qualidade de vida da população do Distrito Federal. Os resíduos são despejados à luz do dia e à vista de todos. Em alguns lugares, os danos são tão intensos que a vegetação nativa do cerrado desapareceu, caso de um local situado às margens da via de acesso à Academia de Tênis. Outros pontos estão colados a cartões postais de Brasília, como próximo ao Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB). Ao contrário do que determina a lei, o Governo do Distrito Federal (GDF) não licenciou áreas de descarte ambientalmente corretas. Todo o material deveria ser jogado no lixão da Estrutural, outro exemplo da má gestão do lixo na capital do país.

Na última semana, a equipe do Correio flagrou depósitos irregulares no Plano Piloto, no Setor de Oficinas Norte, no Setor Militar Urbano, no Lago Norte e no Guará, em Ceilândia, em Samambaia e na Cidade do Automóvel. Moradores contam que os responsáveis pela sujeira são as empresas especializadas no transporte do material e a própria população, com carrinhos de mão ou carroças. Via de regra, o entulho se mistura ao lixo doméstico, a pneus, sofás e eletrodomésticos. O Serviço de Limpeza Urbana (SLU) estima que são produzidas 6 mil toneladas de entulho por dia, quantidade quatro vezes maior que do que o lixo urbano, estimado em 2 mil toneladas por dia.

Um dos depósitos fica ao lado do Setor Militar Urbano (SMU). A área forma um “L” onde a parte menor parece mais antiga. A situação preocupa o reciclador Edmilson Soares, 60 anos. “Entulho tem que ser colocado no lixão da Estrutural, não aqui. Veja bem, eles fecharam essa estrada que fica debaixo dos cabos de energia (rede de alta tensão). Se der um problema aí, como é que os funcionários vão chegar para consertar?”, questiona. Edmilson conta que já tentou conversar com os motoristas dos caminhões para impedir o despejo do material. “Eles não estão nem aí. E como não cabe mais aqui, já estão indo mais para baixo”, afirmou.

Em Ceilândia, um antigo depósito da Supergasbras, na QNN 33, ao lado do módulo “C”, abriga uma montanha de entulho em uma avenida movimentada. O problema é antigo, segundo os moradores que acusam a administração da cidade de ser omissa. “Isso aqui tem cada ratazana que você não acredita. Direto tem gente aí atrás escondida usando droga. A administração nunca fez nada para resolver”, reclama o lavador de carros Fernando Oliveira, 27 anos. Motorista profissional, Eliseu Vieira, 53, preocupa-se com a insegurança. “Isso virou esconderijo de malandro, ponto de prostituição e uso de drogas. Dia desses veio uma pá carregadeira e empurrou o lixo mais para dentro do lote”, denuncia.

Devastação
No Lago Norte, o depósito clandestino de entulho fica em um terreno entre o bairro e a BR-020. O acesso dos caminhões, logo depois do viaduto do Lago Norte, sentido Parque Nacional de Brasília, foi interrompido recentemente com a colocação de um monte de terra onde a cerca havia sido danificada. Uma caminhada curta pelo local revela o desrespeito ao meio ambiente em uma área que vai da entrada do bairro até as proximidades do Balão da Granja do Torto. Do alto do monte de terra jogado no terreno às margens da BR-020, após o Córrego Bananal, sentido Balão da Granja do Torto, avistam-se as montanhas de entulho no meio do cerrado
fonte:Correio Brasiliense Adriana Bernardes

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