A Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf) planeja erguer mais uma barragem na região do Baixo São Francisco, a que mais sofre os impactos negativos decorrentes da construção das hidrelétricas no já combalido “Rio da Integração Nacional”. O projeto da companhia será discutido na próxima sexta-feira, 29, na cidade de Pão de Açúcar, município situado na margem alagoana e local onde está previsto para acontecer a obra.
O debate sobre a barragem que poderá ser construída para armazenar água e gerar energia é coordenador pela Câmara Consultiva Regional (CCR) do Baixo Sâo Francisco, órgão do Comitê da Bacia Hidrográfica do São Francisco (CBHSF), entidade da qual a Chesf também faz parte entre os representantes do setor hidroelétrico.
O projeto de mais uma usina para a região já impactada pelas Hidrelétricas de Paulo Afonso-BA e de Xingó, situada entre Piranhas-AL e Canindé do São Francisco-SE, será apresentado por um representante da Chesf, nome que apesar da proximidade da data, não foi informado pela companhia, segundo a coordenação do evento que pretende despertar a atenção da sociedade para o assunto e ainda discutir outros temas relacionados aos ribeirinhos e populações que dependem do fornecimento de água do Rio São Francisco.
Intenção é ampliar o debate
“A intenção é que, a partir desta primeira reunião, outras ocorram em toda a região para que haja o indispensável tempo de conhecimento, reflexão e tomadas de decisão por parte das populações do Baixo São Francisco”, informa o coordenador da Câmara Consultiva Regional, Carlos Eduardo Ribeiro Júnior, membro da ONG Canoa de Tolda, instituição que tem sede em Piaçabuçu-AL e Brejo Grande-SE, municípios abençoados com a foz do “Velho Chico”.
A reunião é aberta ao público e acontece na Escola Municipal Maria Tavares, a antiga escola cenecista de Pão de Açúcar. Estão previstas cinco palestras, cada uma com 45 minutos de duração e 20 minutos para questionamentos. O professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Paulo Paes de Andrade, abre o encontro com o tema “O Baixo São Francisco Regularizado”, que trata do regime de águas do rio.
O representante da Chesf fala sobre o projeto de mais uma hidrelétrica na região na segunda palestra do dia, seguido de Rogério Sepúlveda presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas, situado em Minas Gerais. Ele vai falar sobre a mobilização popular, apoiada por instituições apartidárias e também estatais, contra o projeto que prevê a construção de uma hidrelétrica na calha do rio, posição amparada em estudos que apontam os riscos e dos danos que serão gerado pela obra incluída no faraônico projeto de transposição de águas do Rio São Francisco.
Já no período da tarde, o promotor de justiça do Ministério Público de Sergipe, Eduardo Matos, apresenta o tema “Grandes Projetos X Participação da Sociedade nas Decisões Públicas”. Por fim, a reunião será encerrada com explicações sobre a aplicação da parcela que cabe ao CBHSF dos recursos captados com a cobrança do uso da água do Rio São Francisco por Alberto Simon Schvartzman, diretor técnico da Agência de Bacias Peixe Vivo, criada para gerenciar verbas para manutenção do CBHSF.
Fonte: Fernando Vinícius com Divulgação CCR/BSF
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