Em São Paulo, pelo menos 5.200 pessoas estão ameaçadas de despejo para obras no entorno do estádio do Corinthians, que será construído em Itaquera
"Muitos vão sorrir, mas alguns vão chorar." O presidente do Corinthians, Andrés
Sanchez, recorre a esta frase sempre que fala sobre o impacto que a arena do
clube terá para Itaquera, na zona leste de São Paulo. O riso virá das
oportunidadesque o estádio paulistano da Copa de 2014 proporcionará a
quem vive na região.
O choro fica por conta do "preço a
pagar pelo desenvolvimento".
quem vive na região.
O choro fica por conta do "preço a
pagar pelo desenvolvimento".
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Nessa situação estão pelo menos 5.200 pessoas, ameaçadas de despejo para
obras no entorno do estádio. É um risco que aflige outras 60 mil pessoas
em várias sedes do Mundial, Em São Paulo, moradores de duas comunidades
próximas da Arena do Corinthians, as favelas da Paz e da Fatec
(também conhecida por Agreste de Itabaiana), estão apreensivas.
Temem que o futuro seja ainda pior que o presente.
Na Favela da Paz, a menos 500 metros da futura arena, reclamam
da falta de diálogo do poder público. "Estou aqui há 16 anos,
já perdi dois barracos em incêndios e ninguém me ajudou a reconstruir",
diz Diana do Nascimento, mãe de 4 filhos e que os vizinhos garantem
ser a mais antiga moradora do local. "Agora que vai ter Copa, chegam
aqui e dizem que temos de sair. Mas não falam para onde vamos."
A Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente confirmou, em
nota, que há várias obras previstas na segunda fase das obras do
Parque Linear Rio Verde (que o governo admite fazer parte dos
projetos da Copa) e que "a área está em fase de desapropriação,
pois contava com moradias na área de preservação permanente".
A nota não esclarece se será oferecido algum tipo de benefício
aos atuais moradores. A Secretaria Municipal de Habitação diz
só realizar realocação de famílias nas áreas em que fará obras de
urbanização. Na Favela da Paz, a execução dos projetos está prevista
para o período entre 2013 e 2017.
Distante cerca de 3 km do Itaquerão, a Favela da
Fatec (na avenida Águia de Haia, em frente ao terminal AE Carvalho),
já teve 82 das cerca de 800 famílias removidas - as que ficam
à beira do córrego. A retirada de outras 52 está sendo preparada.
"A avenida pode servir de passagem para quem vai para o estádio.
Acho que fica feio para quem vem do estrangeiro ver uma
favela no caminho", diz a doméstica Andrea Cristina Gonçalves.
"Eles pagam R$ 4,3 mil para a família e ela tem se virar para
arrumar lugar para morar. Esse dinheiro dá para quê? E não
falam em dar um terreno para a gente, em colocar em
apartamento da CDHU", critica.
A CDHU explica que as famílias foram retiradas a pedido da Prefeitura
porque estavam em área de risco e não por causa da Copa, mas diz
que, além dos R$ 4,3 mil dados a elas, foi firmado compromisso
de "futuro atendimento habitacional definitivo". Sair do
local onde moram e receber indenização baixa é drama que se
repete em outras cidades, como Belo Horizonte e Cuiabá.
Fonte :Agência Estado
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