segunda-feira, 23 de maio de 2011

Obras da Copa desalojam 65 mil pessoas no País

Em  São Paulo, pelo menos 5.200 pessoas estão ameaçadas de despejo para obras no entorno do estádio do Corinthians, que será construído em Itaquera



"Muitos vão sorrir, mas alguns vão chorar." O presidente do Corinthians, Andrés
Sanchez, recorre a esta frase sempre que fala sobre o impacto que a arena do
clube terá para Itaquera, na zona leste de São Paulo. O riso virá das 
oportunidadesque o estádio paulistano da Copa de 2014 proporcionará a
quem vive na região.
O choro fica por conta do "preço a 
pagar pelo desenvolvimento".
 .
Nessa situação estão pelo menos 5.200 pessoas, ameaçadas de despejo para
 obras no entorno do estádio. É um risco que aflige outras 60 mil pessoas
em várias sedes do Mundial, Em São Paulo, moradores de duas comunidades
 próximas da Arena do Corinthians, as favelas da Paz e da Fatec
(também conhecida por Agreste de Itabaiana), estão apreensivas.
Temem que o futuro seja ainda pior que o presente.
Na Favela da Paz, a menos 500 metros da futura arena, reclamam
da falta de diálogo do poder público. "Estou aqui há 16 anos,
já perdi dois barracos em incêndios e ninguém me ajudou a reconstruir",
diz Diana do Nascimento, mãe de 4 filhos e que os vizinhos garantem
ser a mais antiga moradora do local. "Agora que vai ter Copa, chegam
aqui e dizem que temos de sair. Mas não falam para onde vamos."
A Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente confirmou, em
nota, que há várias obras previstas na segunda fase das obras do
 Parque Linear Rio Verde (que o governo admite fazer parte dos
projetos da Copa) e que "a área está em fase de desapropriação,
pois contava com moradias na área de preservação permanente". 
A nota não esclarece se será oferecido algum tipo de benefício 
aos atuais moradores. A Secretaria Municipal de Habitação diz 
só realizar realocação de famílias nas áreas em que fará obras de 
urbanização. Na Favela da Paz, a execução dos projetos está prevista 
para o período entre 2013 e 2017.
Distante cerca de 3 km do Itaquerão, a Favela da 
Fatec (na avenida Águia de Haia, em frente ao terminal AE Carvalho),
 já teve 82 das cerca de 800 famílias removidas - as que ficam
 à beira do córrego. A retirada de outras 52 está sendo preparada.
 "A avenida pode servir de passagem para quem vai para o estádio.
 Acho que fica feio para quem vem do estrangeiro ver uma
 favela no caminho", diz a doméstica Andrea Cristina Gonçalves.
 "Eles pagam R$ 4,3 mil para a família e ela tem se virar para
 arrumar lugar para morar. Esse dinheiro dá para quê? E não 
falam em dar um terreno para a gente, em colocar em 
apartamento da CDHU", critica.
A CDHU explica que as famílias foram retiradas a pedido da Prefeitura
 porque estavam em área de risco e não por causa da Copa, mas diz 
que, além dos R$ 4,3 mil dados a elas, foi firmado compromisso 
de "futuro atendimento habitacional definitivo". Sair do 
local onde moram e receber indenização baixa é drama que se 
repete em outras cidades, como Belo Horizonte e Cuiabá.

Fonte :Agência Estado

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