quinta-feira, 2 de junho de 2011

Ibama concede licença e obra da usina Belo Monte é iniciada

São Paulo - Cinco meses após ter obtido a licença parcial de instalação, a Norte Energia, concessionária vencedora do leilão para a construção e operação da usina de Belo Monte, obteve, ontem, o documento definitivo para o início das obras desta que será a terceira maior hidroelétrica do mundo. O empreendimento, que terá 11,233 mil MW de capacidade, será construído por um pool de construtoras lideradas pela Andrade Gutierrez. A usina, única remanescente de um programa de cinco hidroelétricas planejadas na década de 70 para a Bacia do Rio Xingu (PA), deverá ter custo de cerca de R$ 25 bilhões.



A autorização foi concedida pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), que considerou cumpridas as etapas condicionantes para a emissão da licença. Dentre os termos para a autorização está um investimento futuro de R$ 100 milhões em unidades de conservação na Bacia do Xingu a serem realizados pela concessionária. A empresa assinará ainda outro termo de mesmo valor com as cidades sob a sua área de influência e como governo do Pará para fortalecer a segurança pública e dotá-las de infraestrutura para atender ao aumento populacional com a chegada de trabalhadores na região. No pico das obras, previsto para ocorrer em 2013, a Norte Energia estima que o pessoal diretamente empregado na construção será de 18,7 mil pessoas, outras 23 mil serão empregadas em atividades relacionadas às obras e 54,3 mil familiares e outros interessados totalizam 96 mil pessoas.



A Norte Energia informou que assim que recebeu a autorização já deu início à construção dos canteiros precursores e das obras viárias necessárias para o acesso aos locais chamados de Pimental e Belo Monte, onde estarão localizadas as duas casas de força. A construtora responsável pela coordenação das obras, a Andrade Gutierrez, já estava pronta para iniciar os trabalhos com as máquinas uma vez que a licença parcial, concedida em janeiro autorizou a instalação do canteiro de obras da hidroelétrica.



Em nota, a empresa concessionária afirmou que, apesar do atraso na emissão da licença de instalação da usina, o cronograma não será afetado porque o período de seca começa agora em junho e se estende até dezembro. Nessa época a empresa planeja realizar obras de grande porte, especialmente as de terraplanagem. Assim, a Norte Energia garante que a primeira turbina no Sítio Pimental iniciará operação comercial em fevereiro de 2015 e a última, a ser instalada no Sítio Belo Monte, estará operando até o final de janeiro de 2019. 



As turbinas da usina serão fornecidas pela Alstom e pela Impsa. O contrato com a francesa inclui um consórcio que tem a participação da Andritz e da Voith. O grupo fornecerá 14 unidades geradoras com turbinas francis e seis unidades geradoras com turbinas bulbo, além de equipamentos complementares. O contrato tem o valor de R$ 3,5 bilhões. Já com a Impsa, são quatro unidades geradoras com turbinas francis e equipamentos complementares, no valor total de R$ 816,8 milhões



Solidez

A ministra do Planejamento, Miriam Belchior, afirmou ontem que o governo está tranquilo em relação à solidez da análise feita pelo Ibama para a concessão da licença da hidroelétrica. Apesar disso, o Planalto divulgou na tarde de ontem um plano de R$ 500 milhões para o desenvolvimento socioeconômico da região de Altamira (PA), a cidade mais próxima da usina. Esses recursos serão aplicados pelo Consórcio Norte Energia, responsável pela obra. A ministra observou que os investimentos do governo em ações de compensação é de R$ 3,2 bilhões e explicou que esses recursos serão aplicados até o final das obras.



Essa participação do governo federal nas ações de compensações vem do fato de que o empreendimento foi viabilizado com a forte presença da Eletrobras no consórcio vencedor. Na atual estrutura de capital da concessionária vencedora, a holding possui 15% e duas controladas, a Eletronorte e a Chesf, possuem 19,98% e 15% de participação, respectivamente. No geral o governo detém quase 50% da usina.



O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, minimizou a saída de sócios da Norte Energia e afirmou que esse fato não irá comprometer em nada o empreendimento. Lobão lembrou que quando a Bertin deixou o consórcio Norte Energia houve "uma fila" de pretendentes de grandes empresas para assumir a participação do grupo, a fatia de 9% acabaram ficando com a Vale. Segundo o ministro, caso outros sócios deixem o consórcio, as empresas que permanecerem no grupo poderão assumir essa participação ou novas empresas poderão se juntar ao grupo.

Fonte: DCI 

Nenhum comentário:

Postar um comentário