terça-feira, 31 de maio de 2011

Falta cimento no mercado

Hoje, construir em Campo Mourão e região requer muita paciência. Além da escassez da mão de obra no setor, os construtores enfrentam agora outro grave empecilho: a falta de cimento, um dos principais produtos em uma construção. Os donos de depósitos justificam que o "boom" da construção civil tem sido responsável por mais este gargalo. Profissionais da área já temem que esta, seja na verdade, uma crise pré-anunciada. Apesar do momento, pelo menos por enquanto, não haver perspectivas de altas do produto.
O mestre de obras, Paulo Sérgio dos Santos, explica que opta pelo concreto usinado. Não fosse isso, já estaria enfrentando transtornos. Santos comenta que se dependesse do cimento fornecido nos depósitos os serviços em sua obra estariam parados hoje. “Geralmente falta um pouco de cimento nesta época por causa do frio, mas neste ano tem aumentado muito por causa do mercado imobiliário aquecido”, diz preocupado.
O presidente da Associação dos Comerciantes de Material de Construção (Acomac), Elpidio Koch, comenta que já previa este gargalo. Segundo ele, as grandes obras do Governo Federal, como o Programa “Minha Casa, Minha Vida” e a construção dos estádios para a Copa de 2014, tem tido grande influência. Ou seja, o consumo de cimento teve uma elevação exorbitante, mas não houve aumento de produção. “O momento já começa a preocupar porque nossas cotas foram diminuídas. Vejo que a situação não é muito boa e não deve ser de curto prazo”, explica apreensivo.
Koch estima que nos primeiros quatro meses do ano, Campo Mourão já consumiu aproximadamente 5 milhões de quilos de cimento, o equivalente a 100 mil sacas. Uma média de 25 mil unidades por mês. “O único jeito é vender o produto em poucas quantidades para não deixar o cliente na mão”, diz. Ele acrescenta que outros itens, como conexões para a parte hidráulica e até tijolos, também estão começando a sofrer racionamento. “Hoje a produção de tijolos em nossa fábrica é para o dia. Não estamos mais conseguindo produzir para estocar.”
O gerente de uma grande rede de materiais de construção de Campo Mourão, Isaias Biazim, explica que a falta de cimento começou há cerca de pouco mais de duas semanas. “Está bem racionado. A indústria não está conseguindo vencer a demanda”, explica. Biazim destaca que desde então as entregas aos clientes tem sido em menor volume para não faltar no mercado.
O gerente comenta que existem perspectivas da situação voltar ao normal a partir de julho. Ele frisa que a Votorantim, grupo responsável pelo fornecimento de pelo menos 30% de todo o cimento no Paraná, deverá aumentar a produtividade. “A informação que temos é que estão aumentando a indústria de Santa Catarina para que sobre mais cimento ao Paraná.”
Biazim lembra que em 2008 o setor enfrentou o mesmo problema, porém em menor escala. Ele destaca que abril e maio foram os meses em que o setor mais apresentou aquecimento. “Existem especulações que são as obras grandes do governo. Mas a nossa realidade também explica o momento. Há muito tempo não se via construção de edifícios em Campo Mourão e, hoje, são pelo menos três”, completa.

Fonte:Tribuna do Interior Walter Pereira

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